quinta-feira, 15 de março de 2012

Polícia apresenta balanço da operação que prendeu quatro policiais e um delegado


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A Polícia Civil de Pernambuco apresentou, na tarde desta quinta-feira (15), o balanço da Operação Corsário, que levou o o delegado Tiago Cardoso, 28 anos, e quatro policiais civis da Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Propriedade Imaterial, conhecida como Anti-Pirataria, à prisão.
O Secretário de Defesa Social de Pernambuco, Wilson Damázio, abriu a coletiva de imprensa ressaltando que, com pesar, anunciava a prisão dos policiais, falando também que a lei vale para todos. "Eles infringiram os valores da instituição", disse. Mas os frutos da operação não acabaram. "Os outros delegados e policiais que estiverem agindo irregularmente podem tomar cuidado", alertou o secretário Wilson Damázio. Investigações serão feitas em outros setores da polícia; no entanto, o secretário manteve os modos de apuração em sigilo.
Confira o secretário falando sobre o caso


Os policiais envolvidos são o escrivão Walter Marano de Hollanda Filho,31, e o comissário Luiz Geovani de Souza, 48, além dos agentes Sylvio Roberto Houly Lellis Filho, 36, e Márcio José da Silva Paes, 38.
O grupo é acusado de receber propina, de dois em dois meses, de comerciantes chineses, além de não instaurar inquéritos em troca de dinheiro e de impor a lei do silêncio para as pessoas extorquidas, característica do crime organizado. Os investigadores também constataram, entre outras práticas ilegais, que marcas famosas conduziam as ações do delegado dizendo onde as apreensões de produtos pirateados deveriam ser feitas. Tais empresas costumavam ainda incluir documentos fraudados nos autos. Os envolvidos também são acusados de utilizar e comercializar as mercadorias apreendidas na delegacia.
Além de praticar extorção, a quadrilha costumava agir com grupos que comercializavam ou fabricavam produtos falsificados para aniquilar outras instituições, defendendo outras através do pagamento de propina. Assista ao vídeo em que o delegado responsável pela conclusão do inquérito, Fernando José de Souza Filho, explica a ação:


"Tiago tem obsessão pela promoção pessoal", disse o delegado Fernando Filho. Foi essa característica que o levou à prisão, já que a ostentação de riquezas e o rápido crescimento policial chamaram a atenção dos investigadores. "Ele tinha certo cuidado para evitar ser preso, mas tinha certeza da impunidade dentro da instituição", completou.
APREENSÕES - A Operação Corsário cumpriu cinco mandados de prisão preventiva e nove de busca e apreensão nessa quarta-feira (14), nas cidades de Recife e Jaboatão dos Guararapes. Na casa do escrivão Walter Filho, foram capturados os materiais que mais surpreenderam a polícia: aproximadamente 20 procedimentos policiais, com anotações do delegado para que deixassem de ser remetidos ao Judiciário, e substâncias anabolizantes e drogas que eram utilizadas pelo grupo.
Ainda em cumprimento dos mandados, uma chinesa que teria sido extorquida pelo grupo prestou depoimento na manhã dessa quarta-feira. Com ela, foi encontrada a maioria dos produtos, entre dinheiro, produtos falsificadas, dois carros (uma Hilux e um Palio Weekend) e computadores. Somando todas as apreensões da operação, a polícia capturou, em espécie R$ 72 mil, US$ 44 mil, € 4,2 mil e 2.210 yuan (moeda chinesa). Também estão no balanço um revólver calibre 38 sem registro, 15 munições, 16 comprimidos de cocaína e uma quantidade de ecstasy.
INVESTIGAÇÕES - A quadrilha, tratada como grupo organizado pelo delegado Fernando José de Souza Filho, é alvo de investigação da Delegacia de Crimes Contra a Administração e Serviços Públicos (DECASP) desde janeiro de 2011, quando um homem denunciou o esquema.
Na apuração do caso, foram usadas gravações em vídeo, escutas telefônicas, entre outras técnicas não reveladas. Segundo o secretário de Defesa Social, para manter o sigilo e não alertar possíveis novos criminosos. O homem que denunciou a quadrilha não foi identificado. Ele trabalha com videos piratas e disse ser alvo de tentativas de extorção e ameaças de Tiago Cardoso.
O delegado Germano Cunha foi nomeado para assumir a Delegacia Anti-Pirataria, que foi fechada pela Corregedoria da SDS. Segundo a polícia, o novo delegado também ajudará na conclusão do inquérito. Nesse período, as investigações seguem sobre os crimes de formação de quadrilha, peculato, falsidade ideológica, corrupção passiva, condescendência criminosa, entre outros.

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