terça-feira, 6 de agosto de 2013

Fogo destruiu barracos de 103 famílias, diz Defesa Civil do Recife Vítimas foram encaminhadas para casas de parentes e abrigo municipal. Treze pessoas foram atendidas com problemas respiratórios.



Incêndio no bairro dos Coelhos, Recife. (Foto: Reprodução/ TV Globo)Chamas devastaram área de casebres na favela dos Coelhos (Foto: Reprodução/ TV Globo)
A Secretaria Executiva de Defesa Civil do Recife informou, na noite desta segunda-feira (5), que 103 famílias foram cadastradas após incêndio destruir barracos na favela dos Coelhos, na área central da capital. Sessenta e sete delas ficarão em casas de parentes e 36 foram encaminhadas para um abrigo municipal, que fica próximo à sede da agremiação Galo da Madrugada, bairro de São José, na mesma região. Equipes do Corpo de Bombeiros continuam no local na operação de rescaldo. O trabalho para debelar as chamas durou 2h30. Foram gastos 120 mil litros de água para conter o fogo, que atingiu cerca de 200 casebres, segundo a corporação.
Vera Lúcia vai passar a noite na casa de uma amiga (Foto: Alexandre Morais / G1)Vera Lúcia vai passar a noite na casa de uma amiga
(Foto: Alexandre Morais / G1)
A dona de casa Vera Lúcia da Silva, 30 anos, morava em um dos casebres com os filhos de 1 e 5 anos e mais três pessoas. “Perdemos tudo, não conseguimos tirar nem as roupas. Vamos passar a noite na casa de uma amiga que mora perto daqui. Depois, vamos pensar o que fazer”, contou. A aposentada Zilka da Silva, 60, afirmou que foi retirada do casebre pela filha. “Foi tudo muito rápido. Só o fogo subindo. Não consegui tirar nem a geladeira. Não tenho para onde ir”, lamentou.
De acordo com a assessoria de imprensa da Prefeitura do Recife, todas as famílias vão receber colchões, cestas básicas e kits de higiene pessoal, além de alimentação no próprio abrigo. Os técnicos da Defesa Civil passarão a noite no local do incêndio dando suporte às vítimas e cadastrando mais famílias, caso surjam novas ocorrências.
Zilka foi retirada às pressas do casebre onde morava pela filha (Foto: Alexandre Morais / G1)Zilka foi retirada às pressas do casebre onde morava pela
filha (Foto: Alexandre Morais / G1)
Parte das famílias que perdeu as moradias no incêndio deveria ser transferida para um conjunto habitacional, cuja obras estão atrasadas há mais de quatro anos. A Secretaria de Habitação do Recife informou que o novo prazo para entregar o condomínio é em dezembro deste ano. Ao todo, há 384 famílias cadastradas para ocupar os novos apartamentos. “O lote 1 se chamará Conjunto Sérgio Loreto, terá 224 apartamentos e está sendo erguido nas proximidades da Praça Sérgio Loreto ao custo de R$ 8 milhões. Já o lote 2, com 160 unidades, será chamado Travessa do Gusmão e está orçado em R$ 7 milhões”, diz trecho da nota enviada à imprensa.
A Prefeitura acrescentou que fará um cruzamento dos dados das famílias já cadastradas previamente com as vítimas do incêndio. Para os demais desabrigados, a Secretaria de Habitação estuda a possibilidade de conceder o auxílio-moradia, que pode chegar ao valor de R$ 151.
Incêndio no Recife se transforma em protesto (Foto: Alexandre Morais / G1)Em sentido horário: bloqueio na Rua dos Coelhos; lixo espalhado pela via; comerciantes fecham as portas; carros dão meia-volta em busca de outras rotas (Foto: Alexandre Morais / G1)
Protesto fecha acesso a unidades de saúde
Após o incêndio, moradores fizeram um protesto, no início da noite desta segunda-feira (05), interditando a Rua dos Coelhos por cerca de uma hora. Eles bloquearam a via queimando pedaços de madeiras e pneus, impedindo a passagem de pedestres e veículos. Com isso, o acesso a três unidades de saúde que ficam na região - a Policlínica Oscar Coutinho, o Instituto Materno-infantil de Pernambuco e o Hospital Pedro II - ficou fechado. Os Bombeiros conseguiram apagar o fogo e liberar a via por volta das 18h30.
Durante a interdição, o clima ficou tenso. Manifestantes espalharam pela rua o lixo que estava nas calçadas e também jogaram dejetos nos carros que se aventuraram a passar. Os motoristas deram meia-volta para procurar outra rota. Comerciantes preferiram fechar mais cedo as portas de seus estabelecimentos, temendo que o protesto virasse uma confusão generalizada.
Além da fumaça original do incêndio, a fumaça vinda dos pontos de bloqueio piorava a situação no local. A Polícia Militar foi acionada para negociar com os manifestantes e somente após os bombeiros apagarem o fogo, a situação foi contornada.

O porteiro Eduardo Borborema, de 41 anos, disse que algumas pessoas viram os meninos brincando com fogo. "O que eu soube foi que garotos estavam brincando com fogo quando começou o incêndio. Minhas três filhas, de 3, 10 e 16 anos, estavam em casa e foram tiradas por uma tia. Eu estava trabalhando e minha esposa estava fazendo compras. Corremos para cá e tiramos tudo o que conseguimos, mas não sei como está o estado da minha casa", disse.
Brincadeira originou fogo

O Corpo de Bombeiros acredita que o incêndio foi causado após uma brincadeira de crianças. O major Marcelo Maciel disse ao G1 que crianças estariam brincando com fogo antes do incêndio começar. "A informação inicial é que o fogo teria atingido um colchão e se propagado para os barracos", explicou.
No trabalho de combate ao incêndio, os bombeiros informaram que 89 pessoas participaram da operação, com  23 viaturas e um caminhão biarticulado com tanque extra de água. Havia ainda uma embarcação de apoio no rio e um caminhão com bomba de recalque – para dar maior suporte d'água.
Faróis de carro da Guarda Municipal do Recife iluminam quadra onde famílias são cadastradas (Foto: Alexandre Morais / G1)Faróis de carro da Guarda Municipal do Recife iluminam
quadra onde famílias são cadastradas
(Foto: Alexandre Morais / G1)
Cadastramento às escuras
A Defesa Civil do Recife, juntamente com equipes das secretarias de Assistência Social e Habitação, realizaram o cadastramento das vítimas do incêndio às escuras em uma quadra ao lado da Escola Municipal dos Coelhos. Os faróis de carros da Guarda Municipal estão sendo improvisados como iluminação.
A Companhia Energética de Pernambuco (Celpe) informou que essa escola fica em uma via paralela à que teve o fornecimento de energia desligado para o trabalho de combate ao fogo. No entanto, o serviço de luz na unidade de ensino é normal; o que falta, segundo a Celpe, é a instalação elétrica na quadra..
Treze vítimas socorridas
De acordo com os Bombeiros, a área atingida tem 100 metros de largura por 20 metros de comprimento. Treze vítimas foram atendidas com problemas respiratórios ou passando mal. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) removeu dois adolesceste para a UPA do Curado, com problemas respiratórios.
As equipes de resgate e atendimento pré-hospitalar trabalharam com 35 pessoas, com cinco motos e seis viaturas.
Incêndio no bairro dos Coelhos, Recife. (Foto: Reprodução/ TV Globo)

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