Atuante há 10 anos no Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) em Pernambuco, Antonio Tiningo, 37 anos, foi assassinado com um tiro na cabeça na tarde da sexta-feira (23), no município de Jataúba, no agreste pernambucano. Ele foi alvo de uma emboscada quando dirigia uma moto. Sua mulher estava na garupa, mas não foi atingida. De acordo com a polícia, dois homens encapuzados dispararam contra o líder sem-terra. "Foi um crime de execução sumária", afirmou o delegado do município, Júlio César Porto.
O MST aponta o proprietário da Fazenda Ramada, que foi ocupada pelos sem-terra há três anos, no mesmo município, como mandante do crime. De acordo com o coordenador do MST em Pernambuco Jaime Amorim, Tiningo já havia prestado queixa à polícia, denunciando ameaça de morte feita pelo proprietário da fazenda, conhecido como Brecha Maia. De acordo com o movimento, o empresário expulsou os sem-terra ao comprar a área, no ano passado, sem ordem judicial. As famílias reocuparam a fazenda em fevereiro deste ano e deste então vinham sofrendo intimidações e ameaças de serem retirados à força da propriedade.
O delegado Porto afirmou que a polícia trabalha com duas hipóteses. Além de investigar a denúncia do MST, que aponta para o proprietário da terra, ele quer averiguar se o assassinato teve alguma ligação com a chacina ocorrida em fevereiro de 2009, quando trabalhadores sem-terra assassinaram quatro seguranças da Fazenda Jabuticaba, no município de São Joaquim do Monte. O confronto ocorreu quando os sem-terra tentaram ocupar pela segunda vez a propriedade que havia sido reintegrada dois dias antes.
Antonio Tiningo saía do acampamento da Fazenda Açucena, onde vivia, em direção à Fazenda Ramada, ambas em Jataúba, quando foi emboscado, de acordo com o MST. Os agressores o teriam atingido com um primeiro tiro e mandaram sua mulher sair do local, antes de o executarem. Ele deixou dois filhos adolescentes.
Jaime Amorim destacou o clima de violência agrária no Estado e pede um delegado especial para investigar o caso. "Queremos punição e desapropriação da fazenda Ramada", afirmou ele. O MST também quer a presença do ouvidor agrário Gercino Filho, visando a debater e buscar soluções para os conflitos envolvendo a terra na região.
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