Os pais da menina de 12 anos que teria dançado e simulado cenas de sexo com um cantor de tecnobrega no Recife foram ouvidos na manhã desta terça-feira (18). Os parentes afirmaram que não sabiam que a filha estava em um show no bairro do Barro, no dia do fato, e não devem ser indiciados, segundo a Gerência de Polícia da Criança e do Adolescente (GPCA). A novidade é que a garota indicou que outra menor de 12 anos estava na festa na mesma noite.
O caso foi denunciado ao Ministério Público de Pernambuco (MPPE) e GPCA no último dia 5 deste mês pelo Conselho Tutelar. Segundo o MPPE, a garota foi ao show sem a autorização dos pais e teria sido chamada ao palco pelo artista, que começou a fazer as cenas com a menina, simulando sexo oral com uma garrafa de uísque, tirando a camisa dela e beijando seus seios. O cantor ainda teria feito a menina ingerir a bebida alcóolica. As cenas foram filmadas e o vídeo foi publicado na internet.
Em depoimento, os pais da menor afirmaram que não sabiam que a menina tinha ido ao pagode. "Ela contou que ia dormir na casa de uma amiga, quando, na verdade, foi para aquela festa. Acredito, pelo depoimento de hoje, que isso seja verdade, que eles não tinham conhecimento que a filha estava frequentando bares e pagodes, por isso não devem ser indiciados. Só achei estranho eles não estarem mais chocados com o comportamento da filha", explicou a delegada da GPCA Francisca Érica, que investiga o caso.
A menor também já foi ouvida. "Ela disse que não frequentava aquele bar. Falou que foi ao local com outra amiga de 12 anos, a mãe e o tio dessa amiga. Ela também afirmou que comprou bebida alcóolica sozinha e que, quando subiu ao palco para dançar com o MC, essas pessoas já não estavam mais no pagode", informou a delegada.
A outra menor de 12 anos não aparece no vídeo que caiu na internet. Ela, a mãe e o tio ainda serão intimados a prestar depoimento. O proprietário do estabelecimento seria ouvido hoje, mas não compareceu à delegacia. O cantor será o último a depor. De acordo com Francisca Érica, o dono do bar pode ser indiciado por permitir a entrada e a venda de bebida a menores de idade.
"Já o MC, que é o principal suspeito, inicialmente, [pode ser indiciado] por estupro de vulnerável. [Para ser considerado estupro] Não precisa ter a conjunção carnal, um ato libinidoso, com teor sexual, já basta. Ou [pode ser indiciado] por simular prática de sexo. Ou ainda os dois casos", disse a delegada.
A promotora Jecqueline Elihimas, que atua na prevenção e proteção de crianças e adolescentes, informou que ainda está preparando a ação que irá ingressar na Justiça. O MPPE está responsável por fechar a investigação da infração administrativa para entrar com medida judicial contra o proprietário do estabelecimento e a produção do evento. "Também requisitei ao Conselho Tutelar para verificar as medidas de proteção para preservar a criança, oferecendo acompanhamento psicológico à família", falou.
Elihimas ainda lembrou que é importante que as pessoas denunciem pelo Disque 100 ou mesmo no site do MPPE; não é preciso se identificar.
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