O Recife acordou tranquilo na manhã desta sexta-feira (21), após a manifestação que reuniu cerca de 52 mil pessoas, segundo a Polícia Militar, nas tarde e noite da quinta-feira (20). O protesto foi pacífico, com alguns momentos de correria e confusão provocados por pequenos grupos isolados. Um dos vidros da sacada do prédio da Prefeitura do Recife foi quebrado e uma parada de ônibus próxima também foi depredada. Na Ponte Maurício de Nassau, banners decorativos em alusão à Copa das Confederações - que tem o Recife como uma das sedes - foram arrancados. Os cartazes estavam afixados a postes de iluminação.
A Secretaria de Defesa Social (SDS) atualizou na manhã desta sexta o número de ocorrências para 31, com 31 pessoas detidas por agressão, ameaças de roubo e tumultos, dentre outras ocorrências. Houve um momento de tensão, já na parte da noite, quando manifestantes se recusavam a liberar a Avenida Agamenon Magalhães para o tráfego de veículos. A polícia usou balas de borracha, spray de pimenta e bombas de efeito moral para dispersar o grupo. O trânsito na só foi liberado após as 23h.
"Registramos uma tentativa de invasão à Prefeitura do Recife, com três pessoas detidas por dano qualificado. Nosso compromisso era com a manifestação, que transcorreu tranquilamente, só que depois de mais de duas horas do encerramento, algumas pessoas insistiam em travar as avenidas Agamenon Magalhães, Rui Barbosa e Rosa e Silva. Eram pessoas que estavam ali só para atrapalhar, então foi preciso atuar", apontou o secretário de Defesa Social, Wilson Damázio.
Na manhã desta sexta, o trânsito nas avenidas Agamenon Magalhães e Conde da Boa Vista, principais artérias da cidade e que foram palco do protesto, está normal. A Secretaria de Saúde do estado informou que não houve registro de ocorrências de atendimentos diretamente ligados à manifestação. No Hospital da Restauração, no Derby, junto ao ponto de saída do movimento, um balanço inicial da manhã desta sexta também não tem registro sobre atendimentos diretamente ligados ao protesto.
O protesto
Manifestantes se reuniram na Praça do Derby e saíram em passeata, por volta das 15h, pela Avenida Conde da Boa Vista, uma das principais artérias da cidade. Na saída, uma fumaça verde e amarela foi lançada e muitos cantaram o Hino Nacional. Exibindo cartazes e, em vários momentos, gritando pelo fim da corrupção, do preconceito e por melhorias na educação, saúde e no transporte público, a multidão caminhou por aproximadamente cinco horas.
Manifestantes se reuniram na Praça do Derby e saíram em passeata, por volta das 15h, pela Avenida Conde da Boa Vista, uma das principais artérias da cidade. Na saída, uma fumaça verde e amarela foi lançada e muitos cantaram o Hino Nacional. Exibindo cartazes e, em vários momentos, gritando pelo fim da corrupção, do preconceito e por melhorias na educação, saúde e no transporte público, a multidão caminhou por aproximadamente cinco horas.
O ato foi pacífico, mas em alguns momentos houve correria e confusão provocadas por pequenos grupos inflitrados entre os manifestantes. Eles tentaram iniciar arrastões e assaltar os participantes. O movimento ocorreu em diversas cidades brasileiras, como São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Salvador, Brasília e Belém.
Enquanto caminhava pela Avenida Conde da Boa Vista, a multidão foi saudada por uma chuva de papel picado jogado por moradores dos prédios. Ainda na via, um grupo com camisas do Partido dos Trabalhadores (PT) e da União dos Estudantes Secundaristas de Pernambuco (Uespe) foi hostilizado pela maioria, que afirmava não integrar partidos políticos. Houve bate-boca e explosão de bombas juninas. Ninguém ficou ferido. Ao chegar à Rua da Aurora, nas proximidades do Cinema São Luiz, a marcha se dividiu, por volta das 18h. Parte seguiu pela Rua do Sol e voltou à Aurora pela Ponte Princesa Isabel, para protestar em frente à Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe).
Já a grande maioria partiu em direção ao Marco Zero da capital, passando pela Avenida Guararapes, Ponte Maurício de Nassau e Avenida Marquês de Olinda. Um dos tumultos ocorreu em frente ao edifício de número 111 da Guararapes. Um grupo que tentava assaltar os manifestantes foi surpreendido por dois policiais militares. Ao tentar coibir a ação, os PMs foram cercados em frente ao prédio enquanto o grupo arremessava pedras e paus, que atingiram Rubens Rocha, 60 anos. Ele disse ter saído de Cavaleiro, em Jaboatão dos Guararapes, e estava na calçada acompanhando o ato quando foi ferido na perna.
Em meio à confusão, os manifestantes vaiaram a ação do grupo. Alguns se sentaram no chão, para não serem confundidos com os que tentavam tumultuar. Em coro, gritavam: "sem violência, sem violência", até que os agressores fossem retirados. Um outro manifestante passou mal após ser atingido por fogos de artifício. Dois suspeitos de praticar crimes foram detidos na Praça da Independência e outros três, na Avenida Guararapes. Na Avenida Marquês de Olinda, o clima voltou a ficar tenso com novas tentativas de furto. Policiais detiveram nove pessoas no local. Por diversas vezes, a PM chegou a ser aplaudida pelos participantes da marcha. Os policiais que monitoraram a marcha estavam usando uma braçadeira com o nome "paz", por cima do fardamento, e flores nos coletes à prova de bala.
Por volta das 19h30, quando grande parte dos manifestantes ocupou o Marco Zero, a marcha começou a se dispersar. Muitos saíram do local, voltaram pela Praça da República e subiram as escadarias do Palácio de Justiça. Em frente à sede do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), eles cantaram: "Ei, Brasil, vamos acordar, porque um professor vale mais que o Neymar".
Máscaras recolhidas na Alepe
O outro grupo de manifestantes, que estava em frente à Assembleia Legislativa (Alepe), gritava chamando os deputados e criticando a atual administração municipal. Faixas reclamavam da gestão do governador de Pernambuco, Eduardo Campos. Policiais revistaram manifestantes perto da Alepe e recolheram máscaras, sem explicar o motivo da apreensão. "Levaram nossas máscaras e pertences. Eles pediram para a gente tirar porque estávamos como anônimos. Mostramos nossa cara, mas levaram mesmo assim", reclamou o manifestante Lucas Lopes.
Máscaras recolhidas na Alepe
O outro grupo de manifestantes, que estava em frente à Assembleia Legislativa (Alepe), gritava chamando os deputados e criticando a atual administração municipal. Faixas reclamavam da gestão do governador de Pernambuco, Eduardo Campos. Policiais revistaram manifestantes perto da Alepe e recolheram máscaras, sem explicar o motivo da apreensão. "Levaram nossas máscaras e pertences. Eles pediram para a gente tirar porque estávamos como anônimos. Mostramos nossa cara, mas levaram mesmo assim", reclamou o manifestante Lucas Lopes.
Spray de pimenta e balas de borracha na Agamenon
No início da noite, o clima ficou mais tenso na cidade. Na Avenida Agamenon Magalhães, na altura do Parque Amorim, onde o trânsito já estava bloqueado, a PM foi deslocada para monitorar a ação e negociar com um grupo, que ficou sentado no asfalto, impedindo a passagem dos veículos. Os motoristas de ônibus, depois de aderir ao protesto paralisando a circulação dos veículos por três horas, voltaram a trafegar, mas um engarrafamento quilométrico se formou no local.
No início da noite, o clima ficou mais tenso na cidade. Na Avenida Agamenon Magalhães, na altura do Parque Amorim, onde o trânsito já estava bloqueado, a PM foi deslocada para monitorar a ação e negociar com um grupo, que ficou sentado no asfalto, impedindo a passagem dos veículos. Os motoristas de ônibus, depois de aderir ao protesto paralisando a circulação dos veículos por três horas, voltaram a trafegar, mas um engarrafamento quilométrico se formou no local.
Com o trânsito interrompido, motociclistas que tentavam furar o bloqueio eram perseguidos. Um deles foi derrubado da moto, ferido na cabeça e ainda teve a carteira roubada. Algumas pessoas pegaram carrinhos de compras de um supermercado próximo e levaram até a via. Gelos baianos também foram usados para bloquear a pista. O grupo ainda fez uma fogueira no local. Muitos estavam armados com pedaços de pau.
Ainda na Agamenon, a PM deteve um homem que estaria com uma mochila cheia de documentos. Ele é suspeito de portar uma arma. Em outro ponto da avenida, perto da Praça do Derby, houve confronto. Na confusão, o jovem Rafael Ferreira disse ter sido agredido por policiais que estavam com cassetetes. Ele quebrou um dente e ficou desorientado. A polícia usou balas de borracha, spray de pimenta e bombas de efeito moral para dispersar o grupo. O trânsito na Agamenon Magalhães só foi liberado após as 23h.
Ainda na Agamenon, a PM deteve um homem que estaria com uma mochila cheia de documentos. Ele é suspeito de portar uma arma. Em outro ponto da avenida, perto da Praça do Derby, houve confronto. Na confusão, o jovem Rafael Ferreira disse ter sido agredido por policiais que estavam com cassetetes. Ele quebrou um dente e ficou desorientado. A polícia usou balas de borracha, spray de pimenta e bombas de efeito moral para dispersar o grupo. O trânsito na Agamenon Magalhães só foi liberado após as 23h.
Mensagens
Nas grades do Palácio da Justiça e da Praça da República, manifestantes deixaram um rastro de mensagens a respeito das propostas que defendem nesse momento de agitação política e social que o Brasil atravessa.
Nas grades do Palácio da Justiça e da Praça da República, manifestantes deixaram um rastro de mensagens a respeito das propostas que defendem nesse momento de agitação política e social que o Brasil atravessa.
A diversidade de cartazes mostrou a pluralidade das reivindicações, a maior parte focada no transporte público, como passe livre para estudante e trabalhador desempregado, licitação imediata nas linhas de ônibus, melhores condições de trabalho para rodoviários, ciclofaixas e metrô para Zona Norte. Também protestavam contra as PECs 37 e 35, ato médico e o projeto de "cura gay", além de cobrar reformas política e fiscal e ações contra a seca no estado.
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