Coordenados pelo Grupo Estadual de Combate às Organizações Criminosas (GECOC). do Ministério Público Estadual (MPE), equipes do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) e do Batalhão de Radiopatrulha (BPRp) cumpriram na manhã desta quinta-feira, 31, mandados de busca e apreensão expedidos pela Justiça em um apartamento do Edifício Infiniti, localizado na Avenida Dr Antônio Cansanção, no bairro da Ponta Verde, orla de Maceió.
O imóvel, segundo revelou um oficial da Polícia Militar (PM) e que participou da operação, pertence a um prefeito de uma das cidades de Pernambuco. O local vinha servindo de moradia para uma quadrilha de pistoleiros contratada para executar um vereador da cidade do Pilar, na Grande Maceió.
A vítima – segundo investigações – seria o presidente da câmara de vereadores da cidade, Douglas Barros (PPS) que é filho do ex-prefeito Oziel Barros.
Mas ao entrarem no apartamento ninguém foi encontrado. O vazamento das investigações facilitou a fuga dos suspeitos que deixaram o local a cerca de três dias.
As investigações que levaram a descoberta do plano criminoso e que resultaria na execução de Douglas Barros se aprofundaram após o assassinato no último sábado, 26, de Severino Gonzaga dos Santos, 40, executado em via pública em um dos trechos da Rua Zacarias Fontan de Melo, no bairro da Santa Lúcia, parte alta de Maceió. A vítima foi morta quando dirigia um Punto, de cor cinza e placa MUT 0454/AL, cujas investigações foram iniciadas por equipes da Delegacia de Homicídios (DH)/Força Nacional (FN)
A vítima integrava outra quadrilha de matadores que vem agindo há vários anos em Alagoas. A “guerra” das duas quadrilhas – ambas lideradas por políticos do Pilar – tem como “pano de fundo” o controle da Prefeitura do município.
Severino integrava a segundo quadrilha de pistoleiros assalariados e que também tem entre seus membros políticos e comerciantes.
As investigações tiveram inicio no ano de 2007, logo após a morte do vice-prefeito Gilberto Pereira Alves, o “Beto Campanha” (PSDB), 44, assassinado a tiros no dia 19 de janeiro de 2007. Na época os trabalhos de investigações não puderam avançar devido ao fórum privilegiado de um dos nomes citados como mandante da morte de “Beto Campanha”.
Em depoimento inicialmente ao GECOC e logo depois aos juízes da 17º Vara Criminal, o pistoleiro Dogival Silva de Barros – que ganhou delação premiada – revelou que todo o plano da morte do político havia sido tramado pelo na época deputado federal e hoje prefeito do Pilar, Carlos Alberto Canuto.
Alguns suspeitos chegaram a ser presos pela Polícia Civil (PC), mas posteriormente todos tiveram seus nomes impronunciados pela Justiça que não encontrou provas de suas participações e concluiu pelo arquivamento do processo determinando ainda que a PC realizasse novas investigações com outras linhas a fim de encontrar os motivos e os verdadeiros matadores do vice-prefeito.
A ligação de Carlos Alberto com os suspeitos de terem matado Severino Gonzaga voltaram a ser citadas nos últimos dias, quando ficou evidenciado – nas investigações do GECOC – que os mesmos pistoleiros estariam se preparando para matar o presidente da Câmara de Vereadores.
Os investigados e que fugiram possivelmente por terem informações que seriam presos são Tiago da Silva Tenório, o “Boy Neném”; um cabo PM de um dos batalhões localizado na parte alta de Maceió; um cabo reformado da PM e um homem conhecido pelo apelido de “Deivinho”, suspeito de ter assassinado o servidor público da prefeitura de Santana do Ipanema, Sertão de Alagoas, Eraldo Aquino, 52, morto a tiros em 18 de dezembro, durante uma vaquejada
Na Central de Polícia um delegado que encontra-se de plantão relembrou que “Boy Neném” foi preso na tarde de 13 de julho de 2012 por uma equipe do Batalhão de Radiopatrulha. Com ele estava um cabo PM; Alexandre da Costa Barros e o na época vereador Erasmo Araújo Dias (PRTB), da cidade de Traipu. As prisões aconteceram após o Centro Integrado de Operações da Defesa social (CIODS) receber denuncias anônimas de que homens em atitude suspeita estavam dentro de um Fiat Uno, de cor preta e placa OHI 0985 (Arapiraca/AL) em um dos trechos da Avenida Thomaz Espindola, no bairro do Farol, em Maceió
Outros crimes também são imputados à mesma quadrilha, suspeita de roubo de cargas e até arrombamentos de caixas eletrônicos. Dois dos crimes que o bando é suspeito tiveram como vítimas o cabo Paulo Sérgio dos Santos Oliveira, executado quando fazia “bico” em um posto de combustível no Pilar, na madrugada do dia 4 de junho de 2012. O militar investigava a ação dos bandidos
A outra vítima foi o vigilante Paulo Gomes dos Santos, 47, morto com 23 tiros de pistolas na noite de 2 de agosto dentro do escritório de um outro posto de combustível no Pilar. Ele sabia quem matou o cabo Paulo Sérgio e já havia relatado para a polícia que o crime teve a participação de políticos e colegas de farda da vítima LEIA AQUI
O assassinato do cabo Paulo Sérgio é investigado pelo delegado Antonio Nunes, da Seção Anti-Sequestro, da Divisão Especial de Investigações e Capturas (DEIC), que já é sabedor das ações da quadrilha presa nesta manhã e a relação de seus integrantes com o crime que vitimou o militar e o vigilante Paulo Gomes.
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