É cedo para falar de sequelas', diz médico de torcedor baleado no Recife Lucas Lyra, 19 anos, está internado em estado grave na Restauração. Imagens da confusão foram registradas pelas câmeras da SDS.

O torcedor do Náutico Lucas de Freitas Lyra, de 19 anos, baleado em frente ao clube no último sábado (16) , segue internado em estado grave no Hospital da Restauração (HR). Ele passou por cirurgia ainda no último sábado, está sedado e respirando com a ajuda de aparelhos na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) da Restauração. "A situação dele é muito delicada. Ele foi vítima de um ferimento por arma de fogo que penetrou pelo crânio. Assim que ele chegou ao HR, por volta das 19h30, foi submetido a uma tomografia e em seguida uma cirurgia no crânio", afirmou nesta segunda (18) o diretor geral do HR, o médico Miguel Arcanjo.

O médico explica ainda que uma perfuração desta natureza resulta em perda de massa encefálica. "Ferimentos de arma de fogo queimam tecido cerebral", diz o médico. As primeiras 72 horas após a cirurgia são cruciais para definir os próximos procedimentos médicos. "Ainda é muito cedo para falar de possíveis sequelas. O primeiro passo é ver se o paciente resiste às primeiras 72 horas", explica. Miguel Arcanjo esclarece, ainda, que armas de fogo normalmente provocam evolução prolongada e prognósticos graves.

O tiro que atingiu o torcedor Lucas de Freitas Lyra, de 19 anos, no último sábado (16) foi disparado após uma confusão que foi registrada pelas câmeras de segurança da Secretaria de Defesa Social (SDS).  "As imagens mostram uma confusão que aconteceu entre a torcida do Náutico e alguns seguranças. Eles estão sendo identificados", disse ao NETV 1ª Edição desta segunda-feira (18) Osvaldo Morais, chefe da Polícia Civil de Pernambuco.

O caso ocorreu em frente ao estádio dos Aflitos, Zona Norte do Recife. De acordo com as pessoas que estavam no local, os ônibus começaram a passar na Avenida Rosa e Silva logo após o término do jogo, e o confronto começou porque os veículos estavam cheios de torcedores do Sport.

"Se a empresa estiver regular na Polícia Federal, se tiver um contrato, tudo correto, pode ser que ela ande armada. Caso não haja a legalidade, é uma empresa clandestina e nós vamos tratar, com a nova lei, como milícia", disse Osvaldo Morais. Para o major Jorge Araújo, da Polícia Militar, o tiro foi disparado a sangue frio. "Pelas informações que colhemos, essa pessoa realmente tinha intenção de causar um prejuízo a uma pessoa que não tinha nada a ver", afirmou o major. Em nota, a SDS afirma que o crime está sendo analisado como prioridade e encaminhado para elucidação e devida responsabilização dos culpados.

De acordo com o delegado Isaías Novais, responsável pelas investigações, algumas testemunhas serão ouvidas nesta segunda-feira (18) e perícias foram solicitadas.

A família contou à equipe da TV Globo que um ônibus comum de transporte urbano, onde estavam muitos torcedores do Sport, passava perto do estádio quando começou a provocação entre as torcidas. Houve gritaria e pedras foram arremessadas contra o veículo. Um motoqueiro que estaria na frente do ônibus, fazendo a escolta, teria disparado duas vezes, na direção da torcida, e uma das balas foi a que atingiu o jovem alvirrubro.Entenda o caso
O Centro Integrado de Operações de Defesa Social (Ciods) registrou a ocorrência, mas não tinha confirmação sobre qual seria o motivo da confusão.

Outras testemunhas disseram que o homem teria a palavra "apoio" escrita nas costas da camiseta que usava. A versão da Polícia Militar é ligeiramente diferente. "O que os torcedores nos contaram é que havia esses homens que usavam uma camiseta onde estava escrito 'apoio', e estavam escoltando os ônibus. Um deles desceu de dentro de um ônibus da torcida do Sport e fez o disparo. A bala então acertou na cabeça do jovem", contou o major Jorge Araújo.

Soldados da PM, junto com torcedores que são médicos e enfermeiros, prestaram os primeiros socorros. Um torcedor cedeu o carro e o jovem baleado foi levado para o Hospital Agamenon Magalhães, na Tamarineira, onde deu entrada. Ele foi transferido para o Hospital da Restauração, onde foi submetido a uma cirurgia.

Torcedor é baleado após confusão na frente do estádio dos Aflitos, no Recife. (Foto: Aldo Carneiro / Pernambuco Press)

No ano passado, a Federação Pernambucana de Futebol conseguiu impedir na Justiça a entrada em campo das duas principais torcidas organizadas do Sport e do Santa Cruz, após protagonizarem cenas vandalismo em um clássico na Ilha do Retiro, pelo Pernambucano. Em 2011, a mesma torcida rubro-negra foi impedida de entrar no estádio na Série B do Brasileiro após depredar o ônibus do próprio clube ao ser derrotado pelo Goiás.