quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Suspeito de matar promotor em PE deixa presídio por ordem da Justiça


 

Suspeito do crime estava detido no Cotel desde 16 de outubro (Foto: Wanessa Andrade/TV Globo)Suspeito do crime foi abraçado por parentes ao sair do
Cotel (Foto: Wanessa Andrade/TV Globo)
O suspeito de matar o promotor de Justiça Thiago Faria Soares, assassinado a tiros em 14 de outubro, no Agreste de Pernambuco, foi solto na tarde desta quarta-feira (18). Edmacy Cruz Ubirajara havia sido detido dois dias após o crime e estava no Centro de Triagem (Cotel) de Abreu e Lima, Grande Recife. A liberdade provisória foi concedida pelo Tribunal de Justiça do Estado de Sergipe (TJSE). A decisão, expedida na última segunda (16), é do juiz da 5ª Vara Criminal, Diógenes Barreto. A vítima tinha 36 anos e seguia para a cidade de Itaíba quando foi morta com disparos de espingarda calibre 12.

Apesar de o crime ter ocorrido em Pernambuco, o processo corre na Justiça sergipana porque o suspeito de matar o promotor já respondia a outra ação por homicídio qualificado naquele estado. Após a decisão do magistrado, o TJSE enviou o álvara de soltura através de carta precatória para o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE). O documento foi encaminhado para a Comarca de
Abreu e Lima, que na tarde desta quarta enviou uma oficiala de Justiça ao presídio.
 “Ele está feliz em relação à decisão da Justiça. Ele quer reencontrar os parentes, jantar com a família. Depois vai decidir onde vai ficar. Essa decisão só fortalece a tese da defesa. Vamos conversar com ele e mostrar tudo o que podemos fazer em relação às medidas jurídicas. Ele tem problemas de hipertensão e o tratamento no presídio não era o mesmo dado pelos médicos que o acompanhavam. Vamos pensar primeiro nisso e, depois, no resto das coisas”, comentou o advogado Anderson Flexa Leite, que defende Edmacy.
Na época do assassinato de Thiago Faria, o Ministério Público de Pernambucox(MPPE) pediu a prisão preventiva de Edmacy Ubirajara alegando que ele tinha voltado a praticar outro delito de natureza grave no estado. No entanto, após os advogados do suspeito terem pedido a liberdade provisória, o MPPE fez nova análise e informou ao magistrado “que não mais subsistem os requisitos para segregação cautelar do indigitado posto que não houve até o momento deflagração de ação penal em desfavor do acusado perante a Justiça pernambucana”.
Promotor trabalha no comarca de Itaíba, no Agreste (Foto: Facebook/Arquivo Pessoal)Promotor trabalhava na Comarca de Itaíba, no Agreste
(Foto: Facebook/Arquivo Pessoal)
No despacho, o juiz Diógenes Barreto destacou que “o principal dado concreto que motivou a ordem restritiva foi a suposta prática, pelo réu, de novo delito na Justiça pernambucana. Porém, a consequência lógica daquelas investigações seria a propositura da respectiva ação penal. Conforme noticiado pelo Ministério Público, isso ainda não ocorreu. A demora em deflagrar a ação penal realmente gera incerteza quanto a autoria delitiva/participação de Edmacy no crime. Diante do exposto e tudo que dos autos consta, defiro o pleito de revogação da custódia cautelar do denunciado, devendo a autoridade policial colocá-lo imediatamente em liberdade”.
Procurada pelo G1, a Polícia Civil de Pernambuco informou que não vai se pronunciar sobre as investigações nem dar detalhes sobre o andamento do inquérito, que ainda não foi concluído. O MPPE também afirmou que não vai falar sobre o caso.
Entenda o caso
O promotor Thiago Faria foi assassinado com quatro tiros de arma calibre 12 e morreu dentro do carro que dirigia. Ele seguia para a cidade de Itaíba, Agreste pernambucano, pela rodovia PE-300. Thiago era noivo da advogada Mysheva Martins. Ela e o tio estavam no veículo conduzido pelo promotor, mas escaparam sem nenhum ferimento.

José Maria é suspeito de ser o mandante da morte do promotor Thiago Faria Soares (Foto: Katherine Coutinho/ G1)José Maria, suspeito de ser o mandante do crime, está
foragido (Foto: Katherine Coutinho/ G1)
Mysheva é a principal testemunha do caso. Em depoimento à polícia na época do crime, ela disse que se escondeu e conseguiu fugir.

A principal linha de investigação aponta para uma discórdia sobre a posse da Fazenda Nova, que fica em
Águas Belas, também no Agreste, arrematada em um leilão pela noiva da vítima. José Maria Pedro Rosendo Barbosa, o posseiro das terras, teve de deixar o local depois de uma ação judicial. Por causa de uma dívida trabalhista na Justiça Federal, Mysheva Martins conseguiu comprar a sede da fazenda. Nesse processo, ela teria recebido ajuda do noivo, o promotor Thiago Faria. Na desapropriação, ele esteve na fazenda com um oficial de Justiça. Irritado com o caso, José Maria Pedro Rosendo Barbosa, segundo a polícia, teria encomendado a execução do promotor. Até o momento, José Maria encontra-se foragido.

Nenhum comentário:

Postar um comentário