Polícia abre inquérito para apurar caso de torcedor baleado, diz MPPE Jovem levou tiro no ombro após clássico entre Santa e Sport, no Recife. Promotoria vai cobrar esquema de prevenção em reunião com o governo.

A promotoria do Juizado do Torcedor informou que o Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP) abriu um inquérito para apurar o caso do jovem de 16 anos que foi baleado após o jogo entre Santa Cruz e Sport, no último domingo (5). O rapaz estaria vestindo uma camisa do time tricolor quando foi ferido no ombro por um motoqueiro, que trajava blusa do time adversário, segundo relatos de testemunhas registradas no Boletim de Ocorrência.

De acordo com o promotor José Bispo, está prevista para esta terça-feira (5) uma reunião do Comitê do Pacto pela Vida. “No encontro, o Ministério Público vai abordar esse caso, pois é preciso definir os culpados pelo crime, e discutir como será o esquema de prevenção para o jogo do próximo domingo [12]”, disse. A partida entre Sport e Santa Cruz pode definir o campeão pernambucano deste ano.

No último clássico, 30 infratores foram encaminhados ao Juizado do Torcedor, onde receberam penas alternativas e banimento dos estádios. Vinte e cinco foram detidos pela polícia por situações de tumulto, quatro por posse de droga e um por venda irregular de ingresso. Todos são crimes de menor poder ofensivo.

A Federação Pernambucana de Futebol (FPF) também se posicionou sobre a tentativa de homicídio, afirmando que tem trabalhado junto ao Comitê do Pacto pela Vida para minimizar a violência em dias de jogos. A FPF informou também que no jogo do último domingo lançou a campanha "Paz nos Estádios", em parceria com o Disque-Denúncia e o Ministério Público de Pernambuco.

A avó do rapaz, que preferiu não ser identificada, afirma que ele não estava com a camisa do Santa Cruz. "Eu acho que torcer não é isso, não é tirar a vida de um ser humano. Do mesmo jeito que foi com ele, que foi ao estádio, podia ter sido com a gente, que anda num coletivo, está numa parada de ônibus, ainda têm os arrastões", disse.Entenda o crime
De acordo com o posto policial do Hospital da Restauração (HR), no Derby, para onde o jovem foi levado após ser baleado, na Avenida Agamenon Magalhães, o disparo atingiu o ombro dele. Apesar do ferimento, ele passa bem e está internado na enfermaria da unidade de saúde.

Conforme os relatos de testemunhas, o adolescente estava vestindo uma camisa do Santa Cruz, quando um homem, que supostamente trajava camisa do Sport, passou pelo local de moto e efetuou quatro disparos. O jovem estaria, junto com um grupo, realizando furtos na região quando foi atingido pelo tiro.

Resposta da polícia
De acordo com a Polícia Militar (PM), não houve falha no esquema de segurança no último clássico e as confusões aconteceram em pontos distantes do estádio. Tanto policiais militares quanto guardas municipais montaram barreiras em toda a Avenida Beberibe, que dá acesso ao estádio do Arruda, onde o jogo ocorreu.

Mesmo assim, a equipe de reportagem da Rede Globo flagrou confusões perto do estádio e em paradas de ônibus no Derby, onde a PM precisou dar tiros de advertência para acabar com uma briga. Cenas de violência como esta se repetem mesmo depois de medidas anunciadas pelo Ministério Público e pela Federação Pernambucana de Futebol para acabar com as confusões entre torcidas organizadas.

O último caso de maior repercussão foi o do torcedor Lucas de Freitas Lyra, 20 anos. Ele foi baleado na cabeça, no dia 16 de fevereiro, em frente ao estádio dos Aflitos, Zona Norte do Recife, pouco antes da partida entre Náutico e Central, também pelo Campeonato Pernambucano. Ele continua internado na Unidade de Cuidados Especiais do Hospital Português.